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Verbos

Todos os verbos terminam em i. Podem ser conjugados por tempo e pessoa e todos são regulares.

De um modo geral, a língua alamesa é bastante flexível em relação à sua forma analítica ou sintética. Este aspecto acontece, por exemplo, em línguas celtas como o irlandês. Exemplo do verbo "correr" em irlandês:

Modo analítico:

  • Rith mé: “eu corro”

  • Rith tu: “tu corres” 

  • Rith sé: “ele corre”

 

Modo sintético:

  • Ritheas: “corro”

  • Rithis: “corres”

  • Rith: “corre”

 

Importante mencionar que em irlandês os verbos precedem o sujeito “corro eu, corres tu etc”. A versão em alamês com o mesmo verbo:

Modo analítico:

  • Mine takiri: “eu corro”

  • Tine takiri: “tu corres” 

  • Line takiri: “ele corre”

Modo sintético

  • Takirem: “corro”

  • Takiret: “corres”

  • Takirel: “corre”

 

Na versão analítica em alamês, os verbos não necessitam ser conjugados. Já na versão sintética conjugam recebendo as terminações pronominais de acordo com o tempo verbal. Este fenômeno pode ser tanto comparado com conjugações de línguas indo-euroéias e urálicas como a utilização de pronomes temporais como em hauçá mas diretamente acoplados ao verbo. É possível esta última comparação uma vez que as terminações verbais são exatamente as mesmas iniciais dos pronomes.

 

Conjugação verbal no modo sintético

 

Todos os verbos alameses terminam em -i no infinitivo ou modo analítico. Ex : labi - amar, fili - gostar, rabi - trabalhar, habi - ter, hezi - ser, voli - querer. O verbo para ser conjugado na forma sintética perde a terminação -i. A conjugação em alamês leva em consideração três aspectos correspodentes a três letras na seguinte sequência: tempo, número e pessoa.

1º) Existem três tempos sintéticos: presente, passado e futuro. Para o presente usa-se e, passado u e futuro a ;

2º) Se o verbo estiver no plural deve-se acrescentar y ;

3º) Por último, o verbo leva a terminação consonantal correspondente ao pronome pessoal do sujeito: m para mine(y) – eu ou nós, tine(y) – t para tu ou vós (vocês) e l line(y) ele, ela, eles ou elas. As consoantes finais correspondem às iniciais dos pronomes. Exemplos:

  • Maci: “fazer”.

  • Macem: “faço”.

  • Macum: “fiz”.

  • Macam: “farei”.

  • Macut: “fizeste” ou “você fez”.

  • Macal: “fará” ou “ele fará” ou “ela fará”.

  • Hezi: “ser”.

  • Hezeym: “somos”.

  • Hezayt kalü: “estarás bem” ou “você estará bem”.

  • Hezel habaytyet: “É o casebre” ou “Eis o casebre”.

  • Eji: “falar”.

  • Malü ejuyl: “falaram mal”.

 

Com relação aos verbos nominais, semelhante às construções nominais persas, os verbos correspondentes ao verbo ser ou estar em alamês são três: hezi (forma afirmativa) nezi (forma negativa) kezi (forma interrogativa). Exemplo comparativo:

  • Hezem em persa: هستم /hastam/, “sou”.

  • Nezem em persa: نيستم /nistam/, “não sou”.

  • Kezem em persa:  كيستم /kistam/, “ (quem) sou?”. Em persa existe a conotação de “quem sou?” enquanto em alamês de apenas “sou?” na forma interrogativa.  

 

Desta maneira, teríamos a conjugação completa do verbo “ser” nas suas diferentes formas:

  • Afirmativa: hezem, “sou”, hezet, “és” ou “você é”, hezel, ele ou ela “é”, hezeym, “somos”, hezeyt, “sois” ou “vocês são” e hezeyl, eles ou elas “são”;

  • Negativa: nezem, “não sou”, nezet, “não és” ou “você não é”, nezel, ele ou ela “não é”, nezeym, “não somos”, nezeyt, “não sois” ou “vocês não são” e nezeyl, eles ou elas “não são”; e

  • Interrogativa: kezem, “sou?”, kezet, “és?” ou “você é?”, kezel, ele ou ela “é?”, kezeym, “somos?”, kezeyt, “sois?” ou “vocês são?” e kezeyl, eles ou elas “são?”.

 

A semelhança fonética, mesmo que mais distante, acontece com outras línguas indo-europeias, como por exemplo: nezem em francês, “ne suis (pas)”, “não sou”.    

 

A negação e a interrogação de verbos não nominais, ou seja, que não hezi, kezi, e nezi são formados a partir das formaras adverbiais dos mesmos: kezü, nezü e hezü. Elas podem ser contraídas em , e e , respectivamente. Como as frases sem o uso de hü já implicam numa afirmação, esta partícula pode ser usada para dar ênfase.

Tais formas são semelhantes às línguas índicas. Exemplos (VLADISAVLJEVIC, 2008, pp. 55,56,79,80,103,104,223 e 224):

  • Hezü ou : em bengali হাঁ /hāã/, em guzerate હા /hā/, “sim” e em híndi हां /haã/. Importante por em relevo a semelhança fonética de ü com com as equevalentes nas línguas índicas;

  • Nezü ou : bengali না /nā/,  em guzerate ના /nā/ e em híndi: नहीं /nahĩ/, “sim”; e  

  • Kezü ou nezü: bengali কি /ki/ em híndi: क्या /kyā/, em guzerate ના /kayaā/, “quê” ou partícula usada para fazer perguntas. 

 

O k usado para fazer pronomes interrogativos tem base não somente línguas indo-europeias mas também em outras, principalmente asiáticas. Exemplos de cognatos da partícula interrogativa :

  • Catalão:  que /kə/;

  • Hindi: क्या /kyā/;

  • Japonês: か /ka/; e

  • Tailandês: คะ /ka/, usada por mulheres, sendo o correspondende masculino ครับ /krap/.

 

Modos verbais

Algumas modalidades verbais em alamês permitem a língua ter uma maior precisão sígnica, graças à sua absorção de características de línguas não ocidentais presentes em quatro modos:

1º) Condicional

Indica uma possibilidade, uma condição podendo ser comparado ao would do inglês ou se seguido de verbo no passado em inglês ou futuro do pretérito do português e à construção “se... seguida do modo subjuntivo”. Para construir o modo condicional, os verbos recebem a partícula de origem japonesa eb antes da conjugação. Em japonês é uma das maneiras de se fazer o condicional. Neste sentido a frase jikan ga areba, “se tiver tempo” areba é a forma condicional do verbo aru, “ter” ou “haver”, significando, na frase “se tiver”. O mesmo ocorre em alamês. Exemplos:

  • Volet – volebet:  “você quer”–“você quereria” ou “se você quiser”.

  • Irel – irebel:   “ele vai” – “ele iria” ou “se ele for”.

  • Maceym – macebeym: “nós fazemos” – “nós faríamos” ou “se nós fizermos”.

 

2º) Modo assertivo

Inspirado nesta modalidade da língua quíchua que usa a partícula mi para indicar que o  sujeito afirma algo de acordo com sua própria experiência. Na frase wik-say-mi nana-wa-shan, “meu estômago dói”, a partícula mi dá a conotação de experiência própria. Em alamês, se usa mey o que faz uma ligação coincidente com a consoante m de mine, reforçando a ideia que o que está sendo disto é sob a perspectiva do falante. A partícula é inserida antes da conjugação verbal. Exemplos: 

  • Dev nü zayezel – Dev nü zayezmeyel.: “Deus não existe.” - “(eu testemunhei que) Deus não existe.”

  • Lah zayel nezveddumun – Lah zaymeyel nezveddumun. “Deus situa-se no inconsciente” - “(eu constatei que) Deus situa-se no inconsciente.” 

  • Lah nezel dev – Lah nezmeyel dev.: “Deus não é deus” -  “(eu testemunhei que) Deus não é deus. (existem duas palavras diferentes para Deus, uma ligada a culturas e outra, o objeto psíquico da busca por Deus)”

 

3º) Modo reportativo

Também inspirado no quéchua “si”, é usado para indicar quando o sujeito não sabe por experiência própria mas através de outrem ou fatos indiretos mas nem sempre pode se indicar quem obtém a informação inicial. Em alamês o si da língua dos incas é transformado em sey. Exemplos:    

  • Irul baytuv - irseyul baytuv.: “Ele foi para a casa” - “(Soube que) ele foi para casa.”

  • Samxuyul - samxuyseyul.: “Choveu” – “(Eu ouvi dizer que) choveu.”        

  • Malcadul - malcadseyul.  “Roubou” – “(Disseram que) ele roubou. Malcadmeyul.” 

 

4º) Modo acidental

Proveniente do malaio-indonésio, o radical tey visa mostrar que a acção se dá por acidente.  

  • Hawan nedëvteyul.: “A panela caiu (por acidente).”

  • Vizteyum tineh.: “Te vi (sem querer).”

  • Xuyteyul.: “Molhou (acidentalmente).”

 

b)Tempos verbais nas formas sintética e analítica

 

Os tempos verbais sintéticos e compostos podem ter formas mais sintéticas ou mais analíticas. Graças aos radicais árabe, sawf (سَوف), khmer, hëj e turco, gej, diversas combinações são possíveis, permtindo situar ações no tempo com precisão. Seguem os tempos seguidos de exemplos da primeira pessoa do singular, sua forma sintética e por último sua foma analítica:

  • Presente: “eu falo”, ejem,      mine eji;

  • Passado: eu falei, ejum ou hëjejem, mine palü eji;

  • Futuro: eu falarei, ejam ou sawfejem, mine gejü eji;

  • Presente gerúndio: “eu estou falando”, hezem ejik, mine hezekü eji;

  • Passado do gerúndio ou pretérito imperfeito:   “eu estava falando”, hezum ejik, mine hëjhezëkü eji;

  • Futuro do gerúndio: “eu estarei falando”, hezam ejik, mine sawfhezëkü eji.

  • Futuro do pretérito: “eu falaria” ou “eu iria falar”, sawfejum,       mine sawfhëjü eji.

  • Pretérito mais que perfeito: “eu falara” ou “eu havia falado”, hëjejum, mine hëjhëjü eji.   

  • Futuro perfeito: “eu terei falado”, hëjejam, mine hëjsawfü eji.

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