top of page

Macik Motuyh

Formação de Palavras 

A estrutura do alamês é baseada radicais silábicos que contêm significados. A união entre eles forma novas palavras o que possibilita uma grande diversidade lexical.  

Slide3.JPG

Cada unidade silábica do alamês possui um significado, ou seja, consiste de um signo que em alamês são chamados de radicais. Cada radical tem a seguinte configuração:

 

  • Todos consistem de uma só sílaba;

  • Podem ou não começar com uma consoante ou semivogal;

  • Seu núcleo é constituído de uma vogal (a, e, ë, i, o, ö, u, ü) que pode ser precedida e/ou seguida de semivogais (y ou w);  

  • Todos terminam em consoante ou semivogal (y ou w); e

  • Não há encontros consonantais nas signossílabas.   

 

Desta maneira, as palavras-base de diversas línguas para a criação do léxico alamês sofreram alterações de modo que obedecessem a estrutura silábica da língua. Exemplos:  

​

  • Kal (bom,bem) foi inspirado na palavra grega kαλÏŒς /kal’os/. A desinência masculina “ÏŒς” /os/  foi retirada. O som de Kal é bastante utilizado em diversas línguas ocidentais com o mesmo significado. Por exemplo, “caligrafia” tem o significado literal de “boa escrita”. 

  • Vol (desejo) foi inspirado na palavra latina voluntas, no verbo italiano volere (querer), francês vouloir (querer), bem como no alemão wollen (querer), identificando coincidências e retirando desinências finais.

  • Ved (conhecimento) foi baseado na palavra वेद /veda/ (conhecimento, sabedoria) do sânscrito retirando a desinência /a/. No alfabeto devanagari a letra correspondente ao som /a/ também não é grafada. A palavra foi escolhida devido aos “Vedas” ou “hinos védicos”  e sua grande importância para a filosofia indiana que por sua vez possuía ligações com as religiões grega, romana e germânica  (HELLERN, NOTAKER, & GAARDER, O livro das religiões, 1998 [1952], p. 40) . 

  • Bayt (casa) inspirado nas línguas semitas como: árabe moderno padrão بيت /bajt/, amárico ቤት /bÄ“ti/ e hebraico בַּיִת /bajt/. As palavras semitas possuem sua base sígnica formada por uma sequência de três consoantes, o que dificulta uma adaptação acústica próxima no alamês devido às regras de formação de “signossílabas”. Como os sons /j/ e /w/ são geralmente considerados consoantes, em alguns casos, como o de bayt, a criação do radical torna-o bem próximo, senão exatamente igual às palavras de origem.

  • Zay (permanência, estado) proveniente da palavra chinesa 在 em alfabeto romano zài, que pode ter vários significados em chinês, entre eles: em, permanecer, existir, estar localizado em.

  • In (pessoa) do iorubá ènìyàn. Esta já sofreu modificações maiores para que se encaixasse no esquema de formação pronominal. Por exemplo, com a letra m, forma mine que por sua vez remete à primeira pessoa do singular em diversas línguas, indo-europeias, turcas e fino-hugrianas, algumas vezes, em diferentes casos gramaticais como em português no caso oblíquo, “mim”. Vale pôr em relevo que em iorubá correspondem a emi, mi ou mo, e em suaíle, por exemplo, mimi reforçando semelhanças. 

  • Gyaf (letra) do grego γραφή (gra’fí). Perde a última desinência e tem a letra r transformada em y para evitar encontros consonantais. Neste tipo de adaptações, geralmente o r se transforma em y e o l em w. Letras nasais podem ser suprimidas. Em casos de maiores diferenças, concentra-se na sílaba tônica da palavra de origem. 

  • Yum (modo). Radical de criação a priori de modo que precedida da consoante k e com a terminação adjetiva ü gere kyumü com o significado de "como" em perguntas, semelhante a várias línguas indo-européias. 

 

A união de dois ou mais radicais forma novas palavras numa sequência em que o radical anterior modifica o posterior. Desta maneira, aws, “fora” anteposro a “ir”, deslocamento, forma awsir, “saída”. Se adicionada terminação verbal i forma o verbo awsiri, “sair”. Desta maneira, forma-se diferentes palavras num processo que se assemelha ao do alemão, húngaro ou turco. Exemplos:     

 

  1. Nak: do japonês, “interior”

  • Nakiri: “entrar”

  • Nakirem: “entro”, sendo em radical referente à primeira pessoa do singular no tempo presente.

  • Nakiral: “entrará”, sendo al radical referente à terceira pessoa do singular no tempo futuro.

 

   2. Bav: do índico, “sentimento”.

  • Kalbav: bem-estar

  • Kalbavëxü: que causa bem-estar, agradável. 

  • Malbav: mal-estar

  • Malbavuk: com mal-estar

 

Além disto existem os radicais funcionais ou de caso, que indicam a função do radical que os precedem. Explanados a partir da união com o radical ir, são eles:

​

  • Ëd: “procedência”, função ablativa. Tem origem na preposição de das línguas latinas e den do turco. Irëd: “De onde se vai” ou “origem”;     

  • Ëh: “objeto da ação” função acusativa. Constitui uma construção a priori . Irëh: “o que é movimentado” ou “carga”;  

  • Ëk: “instrumento” ou “companhia” representando as funções instrumental e comutativa. É inspirado na preposição con de línguas latinas. Irëk: “com o que se vai” ou “automóvel”;   

  • Ën: “local”, função locativa. Inspirado na posposição ni do japonês e na preposição in de línguas indo-europeias. Irën:  “onde se vai”, “caminho” ou “rua”;    

  • Ër: “tópico”, função delativa. Inspirado no caso delativo do húngaro feito por meio do sufixo ról ou rÅ‘l . Irër: “que tem a ver com o movimento”, “movimentista”;  

  • Ës: “parte” ou “pertence” gerando o genitivo. Inspirado no s genitivo das línguas germânicas. Irës: “que é parte ou pertence ao movimento”. 

  • Ëv: “destino” ou “objeto indireto da ação” gerando o dativo. Inspirado no в /v/ do russo e be do persa.  Irëv: “para onde se vai” ou “destino”.

  • Ëx: “sujeito da ação”, função ergativa. De origem a priori. Irëx: “o que faz ir”: “propulsor” ou “motor de arranque”.  

 

Pode ser criada uma palavra usando mais de um desde radicais como irëxëk cujo significado é “combustível”. 

​

​

​

​

​

bottom of page