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Macëhü ejuy

Conlangs: Línguas Construídas

Esperanto, Volapük, Interlingua, Klingon, Na'vi, Valyrian... Você já deve ter ouvido falar de algumas destas línguas.  

O termo conlang, se refere a línguas planejadas, construídas ou artificiais. Eu mesmo criei uma língua, no final da década de 1990, quando eu tinha 17 anos o allamej ou alamês. Deve ter havido algumas razões inconscientes para isso, mas o que posso dizer é que eu simplesmente amava idiomas, culturas e queria misturá-las o máximo que podia. Eu tinha tido contato com o esperanto, mas, honestamente, não fazia ideia de que "construir línguas" fosse algo mais comum do que eu esperava. Agora, depois de investir no estudo da Semiótica Psicanalítica - Clínica da Cultura da PUC-SP, e com foco no tema de Criação de Línguas e nos aspectos linguístico-culturais que segregam a humanidade, acredito que esse fenômeno possa ter muito a dizer. Mas vamos começar com uma breve introdução.

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Embora pareça um assunto novo, a construção de línguas, já é explorada há muito tempo. O conceito mereceu o interesse do semioticista Umberto Eco, tendo relevância na obra The search for the perfect language, "A busca pela língua perfeita" (sem versão em português) cuja abordagem é feita em ordem cronológica tendo início na Grécia e, em seguida, na mitologia abraâmica, mencionando ninguém menos que Deus transferindo a linguagem a Adão e depois confundindo as línguas na narrativa da construção da Torre de Babel.

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O autor foca na Europa perpassando momentos em que a busca de uma solução linguística para a insatisfação com aspectos das línguas naturais norteava ou se enredava com importantes movimentos filosóficos que marcam a história da humanidade. Nos mais derradeiros momentos da narrativa, são mencionadas as línguas construídas a exemplo do Volapük e do Esperanto.

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Eco também menciona a criação de centenas de projetos de línguas artificiais durante os séculos XVII e XVIII.  Com base no site da Sociedade de Criadores de Línguas (Language Creation Society), da qual sou filado, e nos grupos de redes sociais, é possível estimar que hoje este número chegue a alguns milhares com uma grande diversidade de finalidades.

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Outro especialista que merece destaque na atualidade é o linguista David J. Peterson, co-fundador da Sociedade de Criadores de Línguas e criador de diversas línguas artificiais, entre elas, o Dothraki e as línguas Valyrianas faladas na série da HBO, Game of Thrones. Autor do livro The art of language invention, "A arte de inventar línguas" (sem versão em português), narra o fenômeno de criação de línguas mencionando desde aspectos emocionais, características e classificações das línguas atualmente construídas e apresenta um guia com os itens estruturais para a construção de línguas. 

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As línguas construídas, muitas vezes, constituem um portal para formas de pensar e culturas alternativas à realidade conhecida. Palavras são criadas com conceitos diferentes, alfabetos, fonéticas e estruturas que, por si, consistem de signos que traduzem realidades diferentes das existentes.

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Segundo Peterson, para que a língua criada tenha alguma audiência, ela tem de estar ligada a um propósito com base no pensamento J. R. R. Tolkien durante a criação da língua de mesmo nome,Tolkien.

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Assim reforça-se a ideia de vínculo entre língua e cultura mesmo nos casos das línguas artificiais que podem ter diversas motivações, dentre as quais facilitar a comunicação entre diferentes povos, aproximando-os.  

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As línguas artificiais podem ter classificações tão diversas quanto a soma de características estruturais, finalidades e inspirações que a criatividade pode atingir. Com isto em mente, a classificação que segue tem como base em David J. Peterson (2015, p. 18), uma vez que está entre as obras mais recentes dentre os especialistas envolvidos na área, devendo ter, portanto, uma maior abrangência.  Não entrando nestes detalhes, pode-se mencionar algumas:

 

  • Dothraki: Língua falada por um povo nômade na série Game of Thrones. Criada pelo norte-americano David J. Peterson em 2009. 

 

  • Esperanto: Língua auxiliar internacional criada pelo polonês judeu Ludwik Lejzer Zamenhof em 1873. Construída com base em línguas indo-europeias sendo que três quartos da língua são provenientes de línguas latinas, germânicas ou eslavas. 

 

  • Interlingua: Língua auxiliar internacional criada em 1951 pela International Auxiliaru Language Association localizada em Nova Iorque, E.U.A. O desenvolvimento foi realizado essencialmente pelo linguista de origem alemã, Alexander Gode. Se fundamenta de maneira ampla no léxico latino.

 

  • Klingon: Língua fictícia dos aliens da obra cinematográfica Star Trek. Criada pelo norte-americano Gene L. Coon por volta de 1967. 

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  • Lojban: Língua criada com o propósito de respeitar os princípios da lógica. Criada pelo norte-americano James Cook Brown, em 1921. 

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  • Na’vi: Língua fictícia falada pelos extra-terrestres de Pandora a produção cinematográfica “O avatar”. Criada pelo norte-americano Paul Frommer por volta de 2005. 

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  • Valyrian: Língua fictícia criada para a série Game of Thrones. Possum uma forma clássica e dialetos descendentes semelhante ao que ocorre com o português e o francês em relação ao latim. Criada pelo norte-americano David J. Peterson em 2009.

 

  • Volapük: Língua auxiliar internacional criada pelo padre alemão Johann Martin Schleyer em 1879. Talvez tenha sido o primeiro projeto de algum alcance internacional. É baseado principalmente no inglês com consideráveis mudanças na estrutura das palavras.  

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Durante meu processo de pesquisa, conheci diversas muitas outras línguas construídas com características e objetivos muito diferentes, especialmente no grupo Conlang do Facebook. Pode haver vários milhares de línguas construídas atualmente. Cada uma que se descobre um mundo incrível se apresenta para ser desvendado e até ser profundamente estudado. A humanidade é, geralmente, passiva em relação à língua. Ela aprende o que já existe. Criar línguas através das quais se pode falar, é um movimento contrário à nossa passividade em relação à língua e à cultura, podendo representar pelo menos uma mensagem para nossa espécie. Deixo este site para quem quiser conhecer um pouco mais do assunto e da língua híbrida que criei e bem como mensagem de união e respeito à diversidade.   

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