top of page

Ejyumfinuy

Casos Gramaticais

O alamês não tem preposições. Ao invés disto possui terminações. Por exemplo casa é bayt e "em casa" é baytun.

Não existem preposições em alamês, mas processos de sufixação semelhante ao que ocorre nas línguas urálicas e altaicas. Exemplos:

  • Finlandês: Helsinki (nome da cidade) recebe o sufixi -in, forma Helsinkiin, “para Helsinki”;

  • Turco:  Ev, “casa” recebe o sufixo -den, e forma evden “da casa”, no sentido de procedências;

  • Japonês: 通り, /toori/, “rua”, recebe o sufixo ou, mais adequadamente a posposição に /ni/ e forma   通りに /toori-ni/ “na rua”. 

 

A semelhança entre o alamês é maior com estas línguas do que com as línguas indo-europeias neste aspecto, devido ao fato de estas últimas mudarem significativamente seu aspecto sintético, principalmente as composições vocálicas tendo uma regularidade geralmente menor. Os casos em alamês são meras sufixações regulares e consonantais.  

Os casos gramaticais são aplicados a partir da última consoante dos radicais de caso ou função através das seguintes regras:

  1. Palavras terminadas em vogais ou semi-vogal y correspondente ao plural como substantivos do gênero masculino ou feminino, verbos (no infinitivo) e substitutivos recebem diretamente a consoante correspondente ao caso. Exemplos: haina, “mulher”- hainak, com a mulher, eji “falar” – “ejiv” “para falar”, mine, “eu” – minek, “comigo”;

  2. Palavras terminadas em consoantes como os substantivos neutros recebem a vogal u antes da consoante de caso. Exemplo: bayt, “casa” -  baytun, “em casa”. No caso de verbos conjugados, que também terminam em consoante, recebem i antes da consoante de caso. Exemplos: ejem, “falo” – ejemiv, “para eu falar”.

 

Desta maneira existem os seguintes casos que serão apresentados, a seguir,  com os mesmos exemplos que consistem de todas as formas possíveis para efeito de comparação e análise do processo de significação após a aplicação dos casos gramaticais:

  • Nominativo: caso do sujeito e consisste da forma da palavra sem aplicação de casos gramaticais. Exemplos: filo, “amigo”, fila, “amiga”, fil, “amizade”, fili, “gostar”, filet, “você gosta” e kine, “quem”;  

  • Acusativo: caso do objeto direto. As palavras declináveis recebem a terminação h. Exemplos: filoh, “amigo (objeto direto)”, fila, “amiga (objeto direto)”, filuh, “amizade (objeto direto)”, filih, “gostar (sofrendo ação de outro verbo como em “quero gostar”)”, filetih, “que você goste” e kineh, “quem (objeto direto)”;

  • Genitivo: funciona como o possessivo. Em português é usada a preposição “de”. Semelhante ao que ocorre em línguas germênicas, em alamês, as palavras declináveis terminam em s. Exemplos: filos, “do amigo”, filas, “da amiga”, filus, “da amizade”, filis, “de gostar”, filetis, “de você gostar” e kines, “de quem”;  

  • Dativo: caso do objeto indireto, motivo, direção. Corresponde às preposições “a”, “para”, “por”. As palavras declináveis recebem v no final. Exemplos: filov, “para o amigo”, filav, “para a amiga”, filuv, “para a amizade”, filiv, “para gostar”, filetiv, “para você gostar” e kinev, “para quem”;

  • Locativo: usado para situar a frase em termos espaciais ou temporais. Em português usa-se a preposição “em”. Em alamês, as palavas declináveis recebem a terminação n. Exemplos: filon, “no amigo”, filan, “na amiga”, filun, “na amizade”, filin, “em ou quando gostar”, filetin, “quando você gosta” e kinen, “em quem”;

  • Delativo: usado como tópico, relação, assunto ou modo. Em português usa-se a preposição sobre (acerca de). As palavras declináveis terminam em r. Exemplos: filor, “ sobre o amigo”, filar, “sobre a amiga”, filur, “sobre a amizade”, filir, “sobre gostar”, fíletir, “sobre você gostar” e kiner, “sobre quem”;  

  • Ablativo: indica procedência assim como a preposição de em português. A terminação que o caracteriza é a letra d no final das palavras declináveis. Exemplos: filod, “do amigo”, filad, “da amiga”, filud, “da amizade”, filid, “do gostar”, filetid, “desde o momento que você gosta” e kined, “de quem” (todos sempre significando procedência origem, local ou temoral);

  • Instrumental / Cominativo:  usado para indicar instrumento ou companhia. Corresponde à preposição com do português. Em alamês as palavras declináveis terminam em k. Exemplos: filok, “com o amigo”, filak, “com a amiga”, filuk, “com a amizade”, filik, “com o gostar”, “a gostar” ou “gostando”, filetik, “com você gostando” ou “enquanto você gosta” e kinek, “com quem”;

  • Ergativo: substitui a proposição por nas construções passivas. Ex. Foi feito por mim. A terminação é x. Exemplos: filox, “pelo amigo”, filax, “pela amiga”, filux, “pela amizade”, filix, “por gostar”, filetix, “por você gostar” e kinex, “por quem”; e

  • Vocativo / Imperativo :  usado para indicar chamamento e no caso dos verbos uma ordem. É representado em alamês através da transferência da tonicidade uma sílaba após o último radical sígnico da palavra anterior à inclusa de sufixos de tempo ou caso. Aos  substantivos neutros acrescenta-se u após a última consoante. Exemplos: filó, “Ó amigo”, filá, “Ó amiga”, filú, “Ó amizade”, filí!, “que se goste” ou “gostar numa intenção imperativa não direcionada a uma pessoa específica, mas a qualquer um”, filét, “goste!” e tiné, “Hei você” (aqui kine foi substituído para uma melhor exemplificação.

 

Alguns substitutivos necessitam de casos gramaticais para desempenharem sua função numa frase. Segue aplicação nos substitutivos que implicam em significação temporal:

  • Locativoküten, “quando”, nüten “nunca”, oküten, “às vezes”, alüten, “sempre”, ötüten, “em outro momento”, hüten, “agora” e süten, “naquele momento”;

  • Dativo: küted, “desde quando”, nüted “desde nunca”, oküted, “desde algumas vezes”, alüted, “desde sempre”, ötüted, “desde outro momento”, hüted, “desde agora” ou “de agora em diante” e süted, “desde um outro momento”;

  • Ablativo: kütev, “para quando” ou “até quando”, nütev “para nunca” ou “até nunca”, okütev, “até qualquer hora”, alütev, “para sempre”, ötütev, “até outro momento”, hütev, “para agora” ou “até agora” e sütev, “ até aquele momento”;

 

Da mesma maneira os substitutivos de motivo im necessitam da aplicação do dativo. Assim kimev adquire o significado de “por que motivo” ou “por que” e himev adquire o significado de “por este motivo” ou “porque”.

 

Todavia entre as características mais peculiares do alamês, podendo ser consideradas a priori está a utilização dos mesmos casos gramaticais aos verbos, estejam eles no infinitivo ou conjugados.

O acusativo é usado em situações em que muitas línguas europeias por exemplo usariam o subjuntivo. Isto ocorre porque o que sofre a ação de um verbo recebe a terminação h, não importando se é um substantivo, um substitutivo ou um verbo. Neste caso macem significa eu faço, e macemih “que eu faça”.  Exemplos com as terminações acusativas verbais sublinhadas:

  • Volel macemih kuneh? “Ele (ela) quer eu faça o quê?”

  • Hain volel yujih haötuk. “O indivíduo quer unir-se ao outro.”

  • Dev volel verdumetih lineh. “Deus quer que você acredite nele.”

  • Hanezveddum volul maculih huneh nezvedutü. “O inconsciente quis que ele (ela)  fizesse o que desconhecia”. 

 

Da mesma maneira, como o locativo também é usado para situar no tempo, é aplicado aos verbos quando em português usamos “quando” antes dos verbos. Exemlos com as terminações locativas sublinhadas:

  • Dumem nezemin yujü hezem nezü dumemin. “Penso onde (quando) não existo e existo onde (quando) não penso.” Neste caso a tradução poderia ser “onde” ou “quando” sem que alterasse a correspondência em alamês, uma vez que o locativo é usado para situar espacial ou temporalmente.

  • Labeymin cuxtarü hezeym. “Quando amamos ficamos muito felizes.”

  • Nezelin voltar semü nezel duktar. “Quando não há desejo extremo também não há sofrimento extremo.”

 

Já o caso instrumental aplicado aos verbos corresponde ao gerúndio no português e ao uso de “enquanto” antes de verbos. Exemplos com as terminações do caso instrumental aplicado aos verbos sublinhadas:

  • Hanezveddum hezel ejik. “O inconscinete está falando.”

  • Haveddum dukel hanezveddum ejelik.  “O consciente sofre quando o inconsciente fala.”

  • Dumul ejutik. “Ele (ela) dormia enquanto falavas.” ou “Ele (ela) dormia com você falando.”

Por último, o dativo e o ablativo têm a função de até e desde respectivamente, além de termos de conotação semelhantes. Exemplos com as terminações de declinação sublinhadas.

  • Musat ejih nedvedetiv semtineh. “Deverás falar até que entendas a ti mesmo.”

  • Hezem kaltarü bidumid ejih semminer. “Estou melhor desde que comecei a falar de mim mesmo.” 

bottom of page